Self Medication #2
"Mentir pode ser um exercício de inteligência em que a realidade é reinventada. Essas alterações transportam consigo outras, numa reacção em cadeia, até perturbarem toda a paisagem. Não é fácil, pode ser perigoso, quando comecei a mentir deixei de poder parar de mentir, uma mentira erguendo-se sobre outra. Sei que me é impossível voltar atrás, recomeçar tudo de novo. Mesmo que o quisesse e não quero, seria demasiado doloroso e inútil. Não me é agora possível destrincar o que aconteceu do que podia ter acontecido, o que vi do que quis ver mais do que tudo, o que disse com o objectivo consciente de seduzir, aumentar o meu poder defendendo-me do mundo, do que disse com o coração na boca, a tremer, como se tivesse pouco tempo de vida. A minha vida nada tem a ver com o que escrevo."
pedro paixão, 47 W 17
3 Comments:
mentir é perigoso. sabemos que iludimos a "vítima" que nos passa a ver da maneira que queremos... mas não somos. e depois há que manter esse eu onde o elevámos!
mas também há por aí muito boa gente que parece gostar de acreditar em mentiras...
é a última vez que comento este post e, espero, a definitiva. escreveu calderon de la barca: «se fingimos o que não somos, sejamos o que fingimos».
e valeu por todas as tentativas*
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